Big Clash


A obra Big Clash nos apresenta uma atendente de lanchonete inserida em um universo de cores saturadas e uma atmosfera POP, convidando-nos a refletir sobre o consumo e a dissonância entre o prometido e o real. Seu uniforme vintage, com linhas simples e atemporais, evoca uma sensação de nostalgia e confiança, remetendo à ideia de um passado idealizado. No entanto, o sorriso enigmático da atendente – simultaneamente pueril e diabólico – subverte essa sensação, transformando-a em uma provocação. O nariz vermelho de palhaço e a falta de um dente ampliam essa ambiguidade, sugerindo que, por trás da fachada acolhedora e da promessa de prazer imediato, há algo dissonante, talvez perturbador, que escapa à percepção superficial. O hambúrguer que ela segura com cuidado e destaque, descrito no conto como uma "obra-prima da gastronomia", transforma-se em um símbolo de promessas vazias. A experiência de consumo, que deveria ser única e autêntica, revela-se uma reedição repetitiva e medíocre de algo já desgastado. A frase publicitária “o sanduíche que nasce de uma causa!” acrescenta ironia ao contexto, aludindo ao uso recorrente do marketing emocional para mascarar a banalidade do produto. Assim, o trabalho expõe como somos conduzidos, como parte de uma manada, a desejar aquilo que nos é imposto, muitas vezes sem questionar as narrativas que consumimos – e que nos consomem. O conto criado em conjunto com a obra amplia essa reflexão, conduzindo-nos por um processo de alienação e frustração que permeia o ato de consumir. Big Clash nos coloca diante da contradição central do consumo e do entretenimento contemporâneo: alimentado pela promessa de inovação, mas oferecendo apenas o repetido, o superficial, o vazio. Mais que isso, nos força a encarar essas narrativas de espetáculo e consumo com um olhar crítico, questionando não apenas aquilo que desejamos, mas também como esse desejo é fabricado e direcionado. Em uma sociedade onde a propaganda frequentemente se sobrepõe à verdade, o trabalho de Anuk Vardan desafia-nos a distinguir entre o que é real e autêntico e o que é imposto como tal.