Na prática de Anuk Vardan, a escrita e a pintura se entrelaçam de forma integrada. Quando ela escreve um conto, a narrativa também surge em imagens, e cada forma de expressão influencia a outra. Nesse processo criativo, a escrita e a pintura se imaginam mutuamente, costurando metáforas e novos significados. Na pintura, no entanto, não há ênfase na sequencialidade; ao contrário, a abordagem é fragmentada, permanecendo aberta tanto ao universo ficcional do conto quanto à imaginação do espectador.
Anuk Vardan valoriza a síntese, a fragmentação e a abertura interpretativa. Ela vê na relação entre pintura e conto o poder de condensar um universo inteiro. O pequeno pode conter o infinito, e o fragmento não é menos significativo do que o todo. Trata-se de uma celebração das possibilidades narrativas contidas no condensado e no essencial.
Em sua busca pela síntese, Anuk Vardan brinca de tocar os sentidos que se movem no silêncio, ou seja, na tensão entre o que é dito e o que permanece não dito, entre o verbal e o não verbal, nos vãos de uma narrativa fragmentada e incompleta.
Esse uso fragmentado da narrativa ficcional em suas obras evoca o conceito de Ma, da tradição japonesa, no qual o espaço vazio é uma parte ativa da composição, oferecendo respiros e pausas tão importantes quanto as partes preenchidas. Ao integrar pintura e narrativa, Anuk cria obras que, mesmo dentro dos limites de um chassi, são infinitamente expansivas.